Dormindo

Enviado por ex0d0, ter, 2011-08-23 01:13



Recife, Olinda, Rio de Janeiro

{Referências de pesquisa: Conversas com o artista; Apresentações públicas no Parque Lage (11/05/08) e Museu da Maré (09/06/09)}

Guga Ferraz leva em baixo do braço a imagem de um tubo de cola. A imagem é leve e pequena, e fica enrolada até que vá se abrindo sobre a parede, e rente ao chão, se forme um corpo de homem deitado. A imagem, colada em diversas cidades, apresenta o próprio artista dormindo, o que dá nome ao trabalho. A naturalidade da ação de colagem, feita mesmo à luz do dia, apresenta a intervenção sutil que um corpo em imagem representa. Pode ser um corpo de mendigo? Pode...Pode ser um corpo de um embriagado que caiu na rua? Pode...Muitas leituras são possíveis e parece que não há nada a ser revelado, sobre uma possível identidade verdadeira deste corpo que esconde seu rosto. A imagem abre um contato intimo e confortável com a cidade, mesmo que a entrega que ela sugere não seja usual por parte daqueles que fazem da rua apenas um lugar de passagem.

Em cada cidade uma leitura que contextualiza o corpo naquela situação. No entanto, será sempre possível 'acomodar' um corpo dormindo em espaço público? Pelos relatos do artista, nas vezes que ficou observando os arredores assim que colava a imagem nas ruas, os passantes desenvolviam, pode-se pensar, algumas ações que contribuíam nesta adequação, quase como uma resposta à 'presença' daquele corpo.

Outros grupos já realizaram intervenções públicas com imagens de corpos nas ruas, contudo cada iniciativa desenha uma especificidade. Nesta, sabendo-se que é o corpo do artista, é possível que sejam abertas novas derivas...seria dormir em espaço público um exercício psicogeográfico, por exemplo? Que tipo de percepção distinta do espaço da cidade e de seus fluxos teria aquele que deixa-se dormir e talvez sonhar em público?

Realização: Visitas à cidade do Recife: setembro e dezembro de 2005; Exposição no MAC (Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, em Olinda) e intervenção na cidade (edifício AIP): setembro de 2006.


2005, 2006, 2008, 2009


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