Publicado originalmente:
Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 21, n. 44, p. 21-36, jul./dez. 2015
Resumo: Se você é educado para saber demais sobre as coisas, há o perigo de ver seu próprio conhecimento ao invés das coisas em si. Argumento aqui que caminhar oferece um modelo de educação alternativo que, ao invés de inculcar o conhecimento dentro das mentes dos alunos, os leva para fora, para o mundo. Eu comparo essas alternativas à diferença entre o dédalo e o labirinto. O dédalo (maze), que coloca uma série de escolhas mas predetermina os movimentos implicados em cada uma delas, põe toda a ênfase nas intenções do viajante. No labirinto (labyrinth), por outro lado, a escolha não está em questão, mas seguir a trilha exige atenção contínua. A educação que segue a linha do labirinto não oferece aos pupilos pontos de partida ou posições, mas constantemente os remove de quaisquer posições que eles possam adotar. É uma prática de exposição. O tipo de atenção exigida por essa prática se submete às coisas, e está presente no seu aparecimento. “Aparecer as coisas” equivale à sua imagina- ção, no plano da vida imanente. A vida humana é temporalmente esticada entre a imaginação e a percepção, e a educação, no sentido original do grego scholè, preen- che a lacuna entre ambas. Eu concluo que a “pedagogia pobre” implicada num tipo de educação que não tem conteúdos a transmitir, nem métodos para fazê-lo, oferece não obstante uma compreensão do caminho para a verdade.
Palavras-chave: aprendizagem, caminhada, educação, imaginação