{trecho da entrevista}
A criatividade específica das manifestações do último ano é muito pouco compatível com agregações e ossificações em política identitária. Em outras palavras, quando a gramática de um ato é uma gramática identitária, ele perde sua potência criativa, sua capacidade de gerar um rearranjo dos elementos do imaginário social. Por exemplo, quando as ações do Black Bloc funcionaram como tática, atravessada por uma ética da resistência e da ação direta, elas tinham uma faceta de crítica social. Quando o Black Bloc se assimilou a uma nova identidade, esse significante perdeu sua dimensão crítica, enquanto as práticas associadas arriscavam transformar-se em meras repetições e encenações esvaziadas do gesto crítico. Isto quer dizer que fazer uma autocrítica do movimento é um gesto fundamental.
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