Norte Comum

Enviado por claranja, qua, 2014-02-05 23:03
Rio de Janeiro

O Norte Comum é um ponto de encontro entre teoria e prática, um espaço de escuta e convivência permeada por fazeres.
Descrição
O Norte Comum é um ponto de encontro entre teoria e prática, um espaço de escuta e convivência permeada por fazeres, tendo como caminho a produção e troca de conhecimento para questionar o espaço urbano, mudar as relações humanas, usando a nossa força criativa para a redução das distâncias e desigualdades, usando a arte como ponte entre as pessoas, cidade e ideias.

A idéia surgiu diante da evidente escassez de projetos e atividades relacionados à cultura nessa região. Frente à essa realidade o que se vê é o êxodo generalizado de boa parte dos moradores locais (em especial os jovens) para o Centro e a Zona Sul da cidade. Onde há o monopólio da cultura no Rio de Janeiro. Trata-se de ter que ser imposta uma “inversão de rota” em âmbito cultural na cidade.
O projeto é dividido basicamente em duas frentes gerais de atuação. Uma referente a criação e manutenção da rede, e a outra focada na formação de uma produtora coletiva e horizontal. Para definir um pouco melhor as duas:

• A rede tem fins de ligação. Conectando todos aqueles interessados em se aprofundar em discussões a respeito do território (estudos, pesquisas, reflexões) visando abrir espaço para criação do comum (a realização de ações será conseqüência desses encontros e debates).
• A produtora coletiva tem pretensões mais objetivas e diretas diante da urgência da realização de qualquer tipo de manifestação artística e cultural na região. Visa a reunião de produtores, agitadores, fomentadores e artistas que estejam já com projetos prontos para serem realizados no território.

Fica evidente que esses dois pontos (a rede e a produtora) se entrelaçam e dependem um do outro. No entanto, trata-se de dois pontos de uma mesma causa, que visam um bem maior, que é a construção de relações pessoais e a realização de projetos que fomentem ainda mais a intensificação desses laços.
Falando um pouco mais sobre a rede. Pretende-se reunir estudantes, artistas, produtores, professores, pensadores, ativistas, agitadores, enfim, todos aqueles que estiverem interessados em participar ou que de alguma forma se interessam por cultura. A partir da união dessas diferentes potencialidades constrói-se campo para o comum, e dele surge a produção de atividades que visam a transformação social desse território.

Principais objetivos

• Estabelecer comunicação entre as singularidades para que existam condições para criação de laços de afinidade
• Garantir condições para circulação e criação do comum por meio das relações e de ações específicas. Visando construir referência nesse território, e transformação da realidade social
• Ocupar de todas as formas possíveis os espaços públicos. Em especial as praças que se encontram abandonadas e convertidas em mero lugar de passagem
• Estabelecer comunicação entre os pontos de cultura da região. Que apesar do investimento financeiro não tem projeção perante a sociedade (em especial a comunidade local)
• Estabelecer reunião entre as faculdades, com o intuito de mobilizar os estudantes diante da necessidade da realização de projetos sociais e culturais no território

Ações e estratégias

• Faz-se urgente o diálogo com as muitas favelas da região. Com o intuito de humanizar esses territórios. Inversão de rota. Contra a criminalização das favelas e de seus moradores.
• Criação de site (blog) para que se torne possível a continuação das discussões da rede através da rede. Explorando também as redes sociais
• Com a rede em funcionamento, através dos diálogos com os pontos de cultura, conseguir espaço na agenda desses centros culturais. Visando abertura de espaços para realização de projetos
• Criação de calendário com todos os eventos que serão realizados na região. Canal de divulgação (através do próprio site)
• Realização de mutirões ecológicos para acelerar o “esverdeamento” das praças da região
• Lutar pela reabertura dos extintos cinemas de rua da região.
• É necessária a realização de grandes eventos na região (ex. Festival de música local)
• Conseguir um local específico para reuniões e eventos. Que atue como zona autônoma de pensamento e discussão. Independente.
• Atuar no diálogo com os jovens. E refletir sobre a importância da presença e resistência deles no território
• Pesquisar a fundo a rica história da região (pouco explorada). Conhecer e divulgar seus mitos, suas histórias e seus ícones.
• Mesas, debates, seminários discutindo a realidade social e política da região
• Mostras e exposições com obras dos artistas (de ontem e de hoje) da região

Conclusão

A Zona Norte é muito conhecida pela violência anunciada nos jornais, por ser cheia de militares e reacionários e, sobretudo, como um lugar em que nada agitado ou movimentado pode dar certo. Seus jovens são rotulados como fanfarrões, e que de forma alguma teriam interesse em algo ligado à cultura em geral. Nossa luta é contra esse estigma que nos envolve desde nossa infância até os dias hoje. Crescemos escutando que “o bom” é sair para se divertir e morar em outro lugar (zona sul, Barra da Tijuca), e que coisa boa só acontece longe daqui.
Nossa luta é para oferecer novas perspectivas para essa região. Disputar esse território com os “reaças”. Unir a juventude, unir as cabeças pensantes através do diálogo, através da cultura. Fazer com que circulem e produzam o comum no território. Reconhecendo a importância e o potencial da região. Invertendo a rota, e acabando com o monopólio da cultura na cidade do Rio de Janeiro.
O nome Norte Comum vem com a idéia de norte como caminho, direção, destino além de fazer referência a Zona Norte onde o projeto atua. Já o comum além do sentido da palavra, trata em especial do comum encontrado na obra de Antonio Negri “Um comum abundante que abrange ideias, afetos, linguagens. Não é um bem, mas uma relação em eterna construção de novas formas de vida, um comum biopolítico”.
Para finalizar, trata-se de um projeto aberto, que serve de modelo para criação de outros projetos. O intuito não é de fechar o território, e sim de abrir. De se lançar, de fazer existir (“ter existência real”), pôr se em aberto. Inaugurar uma nova era de abertura para essa região, oferecendo-lhe novas perspectivas através das relações pessoais e da cultura.

Frentes de Atuação

COMUNICAÇÃO

• Organização da rede
• Reuniões – encontros – atividades
• Internet - blog – redes sociais
• Listar artistas, bandas, coletivos, galera do skate, artistas de rua
• Criar canal com as faculdades e seus núcleos de produção

CULTURA

• Discutir as ações e estratégias
• Mapear pontos de cultura e espaços potenciais para eventos culturais
• Mapear as praças e lugares públicos que possam ser utilizados
• Listar todos os possíveis parceiros (apoio)
• Estabelecer diálogo e influência com os pontos de cultura
• Criar calendário cultural da região

ECOLOGIA, SAÚDE e MEIO AMBIENTE

• Organização de mutirões para reflorestamento dos espaços públicos
• Atividades educacionais e interativas
• Passeios e trilhas. Mapas e reconhecimento do território

SOCIAL

• Interação com as favelas. Criação de pontes de relacionamento
• Atividades para troca de experiências
• Inversão de rota
• Discussão em torno dos trabalhadores de rua
• Discussão em torno dos moradores de rua

AUDIOVISUAL

• Registro e documentação do território
• Incentivo a produção e exibição interna
• Criação e divulgação de cineclubes
• Entrevistas filmadas com grandes ícones da região
• Documentários e filmes

PESQUISA E HISTÓRIA

• História da região
• Números e estatísticas
• Arquivo com variados trabalhos e pesquisas
• Pesquisar sobre ícones do passado e do presente
• Pesquisar sobre as histórias da região


2011


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