{Referências de pesquisa: Entrevista; Catálogo do 46° Salão de Artes Plásticas de Pernambuco (Recife: Fundarpe, 2005)}
As instituições que fomentam a arte contemporânea estão a todo custo criando enunciados de prêmios sedutores , para atraírem jovens artistas e para seduzirem as próprias empresas que lhes apoiam, realizando projetos gigantescos a titulo de conseguir uma enormidade de "publico" - um circulo vicioso que possui muitas falhas na intermediação das esferas produção/mediação/participação.
Bruno, o artista, se coloca em posição modificante desse circulo dado de produção, ao propor um "Prêmio exposição", colocando-se em diálogo aberto com o público, fazendo uso de um enunciado que poderia até mesmo confundir-se com aqueles das instituições.
Segundo tal prêmio, aquele que visitasse mais vezes a exposição "Tudo que escapa" (do 45° Salão de Artes Plásticas de Pernambuco), preenchendo o cupom e depositando-a na urna a cada vez que visitasse o museu, tinha a chance de concorrer aos prêmios de R$ 300, R$ 200 e R$ 100 reais (para 1, 2 e 3 lugar respectivamente). Ao estimular os visitantes a frequentarem mais vezes a exposição (mesmo que fosse para cruza-la correndo, sem "ver" nada) o artista não estaria também burlando as estatísticas de visitação?
O foco do trabalho, voltado completamente para a ação do público, incorpora o mesmo na sua potência participativa (corporal, presencial). Por mais que o enunciado e toda a operação do prêmio sejam absolutamente objetivos, o desvio em que se penetra é essa brecha, próxima da noção de "uso" do trabalho, um beneficio direto que talvez de outra forma a arte não conseguiria dar. Segundo texto do artista: a idéia do Prêmio também era "educar o público sobre arte contemporânea".
Outro dado importante é que o dinheiro referente ao prêmio era o pró-labore do artista, que decidiu doá-lo completamente com a criação do prêmio. Será essa também uma noção de participação compartilhada, de coletivização?
Realização: 2005. Tudo que escapa. Exposição do 45°Salão de Artes Plásticas de Pernambuco. Museu do Estado, Recife (PE)