{Referências de pesquisa: Entrevista e piacucaune.com/eventos.html}
Manuel Marcelo Gomes propôs "Não falo" como uma apropriação distanciadas, e talvez autônoma, de alguma produção de Marcel Duchamp, ou talvez a partir de leituras indiretas de sua obra. Essas são hipóteses. A carga erótica/sexual de trabalhos como o urinol e outros trabalhos de Duchamp são influencias para o artista, que opera numa relação de quase diálogo com este artista.
"Não falo" no entanto é uma ação que leva ao extremo a enunciação de uma eroticidade intrínseca quando é levada ao espaço urbano, enunciação que equipara-se às mesmas características dos demais anúncios da cidade - mesmo que não seja essa sua finalidade. Informa. Mas informa o que?
A frase é emblemática ao apresentar uma possível negação de uma "enunciação". Ela não é afirmativa, ou, é afirmativa de um estado de silêncio. Ali, na rua, a frase parece deslocada por completo de um campo instituído do conhecimento, a partir de onde a ação poderia ser conferida junto a um corpo de produção - não exatamente essas obras de Duchamp, mas poderia ser inflexionada a outras disciplinas. Vemos aí alguma coisa de filosofia da linguagem?
Ainda sobre Marcelo Duchamp, o artista escreve, referindo-se (indiretamente) a R. Mutt: "fonte imaterial de desejos intangíveis". Ao analisar suas proposições é necessário pensar se precisamos remeter a outras realização da arte, ou se podemos ficar com a proposição em si.
O que vemos então, se a ação é eminentemente pública?
Realização: 2004. 1° Salão de Maio. Evento organizado pelo grupo GIA. Salvador; 2005. 2° "Intervenções urbanas: arte em território LGBT", Festival de Livre Expressão Sexual. Salvador.