Kino Trem

Enviado por ex0d0, ter, 2011-08-23 01:13


São Paulo

{Referência de pesquisa: do site do artista} 

Projeto Kino Trem

O projeto Kinotrem aconteceu junto ao Arte/Cidade em 1997 como um conjunto de módulos que tinham como objetivo promover a comunicação entre os vários espaços da terceira edição do evento idealizado por Nelson Brissac. Teve como ponto de partida a experiência do kinotrem desenvolvido na União Soviética entre os anos de 1931 e 1933. Mas um projeto evolvendo tecnologias atuais, teria que incorporar linguagens e tecnologias de vídeo em tempo real – vigentes em 1997, num mundo ainda sem banda larga. Assim foi criado um circuito conectando espaços para além do Arte/Cidade, envolvendo ações diversas: um link duplo de transmissão simultânea, carrinhos oferecendo videoarte ‘a la carte’, câmeras portáteis VHS disponíveis para os visitantes, registros de anônimos, parcerias com os artistas participantes, projeções no espaço expositivo e intervenções nos bairros vizinhos. A equipe traçou travellings por avenidas, muros, cercas, pontes, vias engarrafadas. Registrou construções fabrís, casarões nobres e antigos transformados em hotéis e percorreu barracas de ambulantes sem fim. Visitou igrejas, sinagogas, galpões desativados e de escolas de samba. A realidade social imaginada a partir de mapas e plantas aéreas se confirmou em botecos escuros, comércio informal, trânsito caótico, atividades lícitas e nem tanto. Enfim, havia a perspectiva de se contar a história de São Paulo por uma ‘psicogeografia’ de seus hiatos. Em todos esses lugares registrou-se vida intensa e inquieta. Curiosa, díspar e dura, porém disposta a falar e confirmar verdades que o cinema mudo do Kinotrem russo de Alexsander Medvedkin, centrado na realidade social, sempre almejou. A adoção de um sistema de transmissão ao vivo incorporaria acasos e animosidades entre habitantes da região Luz-Água Branca- Barra Funda e os curiosos visitantes do Arte/Cidade. Tecnologia presente na vida cotidiana da TV mas muito pouco subvertida em termos de controle da informação, o link ao vivo proporcionou um pouco de tudo – exatamente como nos chats promovidos na virtualidade da Internet. Produziu-se um curioso espelho, um periscópio eletrônico para além dos muros da ‘estação Matarazzo’, com visibilidade descentralizada para a vida real de grafiteiros, legiões suburbanas, trabalhadores, religiosos, desempregados, cantores, casais, drag-queens, pais de família, comunicadores e artistas.


1997


Ferramentas de Concatenação

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