{Referência de pesquisa: http://www.arteria.art.br/wp-content/uploads/2013/10/Atrocidades-Maravilhosas-Vogler.pdf}
Atrocidades Maravilhosas funciona com o objetivo de agregar artista tendo em vista a produção coletiva e recíproca. Não se apresenta como grupo (com número de participantes determinado) - pelo contrário, seu caráter é aberto e não se configura por integrantes e sim por ações, agindo sempre num contexto público.
Inicialmente foi criado sob proposição de intervenções no espaço urbano, usando, como mídia, cartazes lambe-lambe (desses de veiculação publicitária fixado em tapumes e muros de grande extensão). Durante todo ano de 1999 e começo de 2000, 20 artistas produziram em serigrafia imagens de sua autoria numa tiragem de 250 impressões (cada) para então eleger um muro ou local de sua preferencia para afixação dos cartazes. Recorria-se , com isso, a uma atitude política de se fazer arte independente das instituições, pensadas para questionar e alterar a paisagem urbana.
Todo o material foi levado para as ruas em Abril e Maio de 2000. As colagens eram realizadas
sempre de madrugada e, na maioria dos casos, colados em tapumes e muros de grande extensão situados em locais de grande fluxo de pessoas: Av. Brasil, Av. Presidente Vargas, Av. Vinte e Quatro de Maio, área portuária, etc. A totalidade dos cartazes colados chegou a 5000, dispostos em toda a zona metropolitana do Rio de Janeiro.
A partir dessa primeira ação, realizada em 2000, diagnosticou-se um grande número de ações no contexto público realizada por artistas jovens e interessados nas possibilidades de inserção em circuitos públicos, que, de alguma forma, intervenha na rotina pessoal do espectador-pedestre e estreite as relações arte-vida. Nesse mesmo ano inicia-se o projeto Interferências Urbanas, realizado em Santa Tereza, potencializando o caráter dessas intervenções e abrindo espaço para ações desse tipo.
Em 2001, dando continuidade as ações lambe-lambe, ocupamos regularmente, durante todo ano, o TAPUME. Tratava-se de um tapume situado na esquina entre as ruas da Lapa e Ladeira de Santa Teresa. Lá, aproximadamente duas vezes por mês, ocupávamos com cartazes produzidos por artistas, fixando um polo de diálogo permanente com a rapaziada local e pedestres desavisados.
Em Novembro de 2001, convidado para participar da mostra Panorama da Arte Brasileira, em São Paulo, as Atrocidades Maravilhosas fizeram sua primeira incursão fora da cidade do Rio de Janeiro. No caso, 11 artistas partiram para essa cidade numa van fretada e lá ficaram durante três dias realizando trabalhos na cidade que iam desde a colagem de lambe-lambe até a apresentação de performances e intervenções sonoras.
Na edição carioca do Panorama, realizada no MAM-RJ, vendemos cerveja do lado de fora sob os pelotis do MAM, debaixo do “Poligono das A.R.T.E.s.” Em Salvador, na edição bahiana do
Panorama, as Atrocidades Maravilhosas foram representadas em uma apresentação do HAPAX no Solar do Unhão, enquanto Ericson Pires lia simultaneamente texto de Alexandre Vogler (sobre o grupo) publicada na revista Arte e Ensaio 8.