{Texto adaptado a partir de http://www.forumpermanente.org/rede/numero/rev-numero3/treszeaugusto}
Mostra, com outra curadoria de Jens Hoffmann, A exposição como trabalho de arte, organizada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. O curador convidou 11 artistas, curadores e críticos do país a responder se uma exposição pode ou não ser um trabalho de arte por si só, “sem qualquer trabalho de arte”. A maioria (composta por Artur Barrio, Adriano Pedrosa, Ana Paula Cohen, Carla Zaccagnini, Iran do Espirito Santo, Ivo Mesquita, Laura Lima, Lisette Lagnado, Luiz Camillo Osorio, Paulo Herkenhoff, Ricardo Basbaum) prefere o esquema “artista faz arte e curador, curadoria”. A artista carioca Laura Lima é a única a dizer que sim, “uma exposição pode ser uma obra de arte, mesmo sem obra de arte”; Basbaum fala de uma “co-autoria artista/ curador”; e Artur Barrio devolve com outra pergunta, lacônica: “Que importa?”.
A proposta de Hoffmann converge para uma agenda que põe em pauta a atuação do agente curador e o regime de divisão de trabalho e de poder no mercado de arte – a 50ª Bienal de Veneza deu visibilidade à matéria propondo “a ditadura do espectador” para aplacar as grandes narrativas do curador considerado tirano, onipresente em megaexposições.
Hoffmann propõe um debate “examinando o próprio conceito de curadoria” e o apresenta nos moldes de uma exposição tradicional, com os resultados nas paredes da galeria do Parque Lage. A provocação reverbera indagações sobre as formas de legitimação, a função das instituições e os modos de ocupar os locais de difusão da arte. Daí o “engajamento mais profundo” do curador com esta forma “particular” de apresentá-la.