Epistemologia a olho nu

Enviado por aarquivista, qua, 2024-08-14 00:58

São Paulo

Nosso objetivo é o de compreender como chegamos a nos tornar essas intelectuais que somos, consumidoras e reprodutoras de teorias importadas das universidades europeias e norte-americanas, e, porque o privilégio epistêmico resguardado a um grupo limitado de pensadores oriundos de países hegemônicos foi sendo construído ao longo do processo modernidade/colonialidade. Esses desajustes e incoerências estão 'solidamente' justificados em estruturas de conhecimento que são epistemicamente racistas e sexistas. Para entender, e, então, desnaturalizar, essa relação de 'superioridade/ inferioridade' epistêmica é fundamental que tenhamos em mente os processos históricos mundiais que produziram essas estruturas de conhecimento fundadas no racismo e no sexismo. Mesmo diante de um verdadeiro monopólio do conhecimento advindo do Norte Global, aceito por uma grande parcela da intelectualidade situada em um Sul Global, se concordamos que a teoria emerge da realidade, ou seja, é uma conceitualização de experiências sociais e históricas, portanto dependente das visões de mundo e sensibilidade de seus formuladores, então poderíamos concluir que currículos baseados em experiências localizadas nas experiências de autores de apenas cinco países (França, EUA, Alemanha, Inglaterra, Itália) são provincianos. Ocorre, porém, que nem todos pensam assim. Ao contrário, o conhecimento produzido pelos autores desses cinco países é investido de tal universalidade que não se reconhece que essa limitação geográfica seja um problema, seja um sinal de provincialismo. Como chegamos a essa situação? Por que nós, intelectuais de universidades do Sul-Global, aceitamos passivamente essa opressão epistêmica, esse colonialismo do conhecimento? Para entender, e, então, desnaturalizar, essa relação de 'superioridade/ inferioridade' epistêmica é fundamental que tenhamos em mente os processos históricos mundiais que produziram essas estruturas de conhecimento fundadas no racismo e no sexismo. (...)


2022



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