Entrevista concedida por Cristina Ribas a Nicolas Dantas e Thiago Grisolia

Enviado por aarquivista, ter, 2021-03-02 22:00


Rio de Janeiro / Londres

Entrevista concedida por Cristina Ribas a Nicolas Dantas e Thiago Grisolia no dia 08/07/2014, via Skype. Publicada originalmente na Plataforma Pulso, revista virtual atualmente fora do ar.

 

Nicolas: A cidade do Rio de Janeiro nesse momento se encontra em meio a um intenso processo reformista, não visto talvez desde o início do séc. XX com a reforma urbanística de Passos. Mas o fato é que hoje esse estado de reurbanização parece apresentar os mesmos critérios positivistas de um século atrás, atropelando toda e qualquer pulsão de subjetividade da cidade e seus agenciadores, em favor da remoção desmedida de tudo que é “velho ou ruim”, pelo que é “bom ou novo” (dentro da lógica obtusa do poder). No trabalho Protótipo/cortado, de 2012, você propõe um tensionamento entre a ideia de ruína e de protótipo. Nas suas palavras: “a destruição pode gerar uma imagem atemporal, estável, intensa (por isso a possível ruína), a curta temporalidade do protótipo parece caber na justeza de algo em constante alteração, imprevisto, intensivo, temporalizado”. Dito isso, como é possível pensar essa relação (ruína x protótipo) a partir dessa problemática da cidade em processo de reforma (ou desaparição)?

Cristina: É uma super pergunta! Então, tem várias questões. Uma que eu acho que a gente poderia questionar: eu não sou urbanista, nem sou arquiteta, mas eu sempre tenho interesse nisso, pensando que a cidade é o espaço da vida comum, é o espaço do comum, e não o espaço da privatização, o espaço privado, que é o que está acontecendo. É um pouco daí que vem o meu interesse na cidade, como espaço produtivo, como espaço de criação, onde a vida se reinventa. Então, eu não seria capaz de fazer uma análise que diferencia ou que qualifca o que o Passos fez e o que o Paes está fazendo. Eu tenho acompanhado muito mais o que o Paes está fazendo e me envolvo muito mais nas lutas contra aquilo que ele está fazendo hoje em dia. E aí eu fco me perguntando: será que a gente pode pensar num processo de reforma? Será que o Rio está passando por um processo de reforma? E o que é uma reforma urbanística? Porque, pensando nos estudos de urbanismo, de planejamento urbano, não me parece que o Rio esteja passando por um processo de reforma urbanística, não me parece que haja um interesse nesse sentido de reorganizar a cidade.

(...)

 

Continua no pdf.


2014


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