Urbânia 5

Enviado por aarquivista, qui, 2017-03-23 16:42


São Paulo

Editora responsável

Graziela Kunsch

Coeditora convidada neste número

Lilian L’Abbate Kelian

Projeto gráfico

Vitor Cesar, com Frederico Floeter Assistente: Deborah Salles

 

Colaboradores dessa Edição: Aldo Victório Filho, Aline Paes, Ana Caroline da Silva de Jesus, Ana Cristina Duarte, Ana Lucia Pontes, André Fernando Baniwa, André Gravatá, Andrea Dip, Anna Dulce, Annette Krauss, Augustin de Tugny, Bárbara Fernandes, Beatriz Trevisan, Carlos Fausto, Carolina Nóbrega, Carolina Cruz, Carolina Oliveira, Carolina Sumie Ramos, Cayo Honorato, Cibele Lucena, Clarice Kunsch, Comboio, Danielle Sleiman, Danilo Ramos, Diogo de Moraes, Dione Pozzebon, Donizete Maxakali, Dora Silveira Corrêa, Elaine Fontana, Eliel Benites Kunumi Rendyju, Eloisa Domenici, Emily Pethick, Equipe da Escola Politeia, Estudantes de Salários para Estudantes, Federico Zukerfeld, Gabriel Menotti, Gilberto Machel, Gilmar Maxakali, Gabriella Beira, Gabriela Sakata, Graziela Kunsch, Helena Singer, Helena Zelic, Iara Haasz, Jakob Jakobsen, Joana Zatz Mussi, Jorge Menna Barreto, José Pacheco, Josias Marinho, Júlia Lotufo, Kiko Dinucci, Kiusam de Oliveira, Laura Viana, Lilian L’Abbate Kelian, Loreto Garin Guzman, Luiz Claudio Cândido, María Berríos, Maria Cecília Moraes Simonetti, Maria Helena Franco, Marina Vishmidt, Marquinhos Maxakali, Marta Neves, Manolo, Movimento Passe Livre (MPL) – São Paulo, Mujeres Creando, Nádia Recioli, Natália Lobo, Nilda Alves, O MAL EDUCADO, Osvaldo de Souza, Pablo Lafuente, Paulo Delgado, Pedro Felício, Priscylla Piucco, Rachel Pacheco, Rafael Maxakali, READ-IN, Ricardo Baitz, Ricardo Jamal, Ricardo Ramos, Rosângela Pereira de Tugny, Setor Nacional de Educação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Sofia Cupertino, Stela Guedes Caputo, Tatiana Guimarães, Tassiana Carvalho, Tiago Judas, Thauany Freire, Thiago Gil, um grupo de educadores da 31a Bienal, USINA, Vera Lúcia Simonetti Racy, Whellder Guelewar, Yaacov Hecht e Yvan Dourado

 

{do editorial}

“Como a Bienal pode ser útil para você?” foi a pergunta que Pablo La- fuente me fez ao formalizar o convite para que eu participasse da 31a Bienal de São Paulo, em janeiro de 2014. Já estávamos em diálogo eu, ele e Galit Eilat havia alguns meses, quando me disseram que teriam in- teresse que eu trabalhasse com eles. Perguntaram-me se eu gostaria de chamar uma pessoa ou um grupo, preferencialmente de outra área que não a arte, para colaborar comigo, como já faço em muitos de meus projetos. Como compartilhávamos um interesse comum em torno da educação, eu propus convidar a educadora Lilian L’Abbate Kelian para colaborar comigo e assim fizemos. A Lilian, que há mais de dez anos se dedica à pesqui- sa e à prática da educação democrática, ansiava por trabalhar com algo que transcendesse o contexto da educação e aceitou o convite. Juntas, apresentamos três projetos aos curadores: a edição do quinto número da revista Urbânia, que tem como foco de investigação a educação contra-he- gemônica / a educação para a autonomia; um curso com educadoras e edu- cadores da Bienal; e o projeto de um ônibus Tarifa Zero, este sob minha responsabilidade individual. Nenhum dos três projetos foi imaginado para o Pavilhão da Bienal; inicialmente pelo meu desinteresse cada vez mais crescente pelo espaço expositivo - o que foi abraçado pela Lilian, ainda que essa escolha implicasse em certa invisibilidade de nossos traba- lhos a quem visitasse a exposição -, mas, fundamentalmente, por causa da pergunta do Pablo. Como a Bienal poderia ser útil para nós? Ou, melhor: como nós poderíamos ser úteis, ou fazer algo útil para a vida coletiva, que fizesse sentido em nosso contexto local e que tivesse continuidade, para além da Bienal? Lançar a revista Urbânia 5 na última semana da 31a Bienal, em dezem- bro de 2014, foi uma das formas encontradas para explicitar que ela irá existir a partir da exposição, mas para além da exposição. A distribui- ção imaginada para a revista não é endereçada a uma audiência genérica ou desconhecida, ou ao “mundo da arte”, mas especialmente aos próprios indivíduos e coletivos colaboradores, que tomarão parte nessa distribui- ção. Isto não significa privar visitantes da Bienal de ter contato com
a revista. A revista estará também nesse contexto, ao menos na última semana e, ao longo de 2015, nas itinerâncias da exposição por outras ci- dades. Mas significa, fundamentalmente, que a revista irá circular entre as escolas indígenas do Alto do Rio Negro, na Amazônia; que estará nas bibliotecas das escolas do campo, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); que poderá ser usada por educadoras e educadores com meninas negras, carentes de histórias de princesas que se pareçam com elas, para formar a sua identidade e fortalecer a sua autoestima; e que irá passar de mão em mão entre estudantes organizados em grêmios no en- sino médio, entre outros exemplos que eu poderia citar. A ideia é que os próprios colaboradores usem a revista para compartilhar as suas experi- ências e para aprender, uns com as práticas educativas dos outros. O projeto gráfico original da revista seria apresentar cada conteúdo como um livreto independente. Cada colaborador receberia alguns jogos da revista completa (com todos os livretos unidos por uma cinta de pa- pel, que seria a capa da revista) e muitos exemplares individuais de sua própria prática, para distribuir como achasse melhor. De certo modo, eu, como editora responsável pela maioria dos contatos, ainda estava im- buída da pergunta do Pablo, e tentava estimular cada coletivo ou indi- víduo colaborador a fazer um material que pudesse ser útil para a sua prática, por exemplo como um impresso de divulgação da pesquisa e do trabalho realizados. Ocorre que, conforme os conteúdos - em sua maio- ria inéditos - foram chegando, achamos que a existência de muitos não se justificaria como um material independente, e, mais que isso, que esses conteúdos ficavam mais fortes juntos. “Ser útil” não poderia se reduzir a uma divulgação ou propaganda de práticas educativas que não se pre-

tendem definitivas/estagnadas; “ser útil” seria compartilhar processos vivos, em andamento, sujeitos a novas descobertas e também a dúvidas, à autocrítica e a sua transformação. “Compartilhar” não no sentido de divulgar/espalhar uma informação, mas, sendo fiel ao sentido original do termo, como partilha de um comum; um modo de participar, de tomar parte, de estar/fazer junto. A revista como um único caderno busca se consti- tuir como uma comunidade plural, que torne possível a convivência entre os diferentes textos, projetos e grupos. (...)

 


2014


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