ARTIGO publicado originalmente em Lugar Comum n. 40 (p. 225-236)
{da introdução do artigo}
"O Brasil, assim como boa parte do mundo industrializado, atravessa
um momento único de revolução tecnológica, onde novos aparelhos vêm sendo disponibilizados para comunicação entre as pessoas, como telefones celulares
que fotografam, filmam, recebem rádio fm, promovem acesso à Internet, etc., ao
mesmo tempo em que são desenvolvidas as tecnologias de transmissão digital
de televisão e de rádio. Ao falar em revolução, faz-se necessário algum cuidado,
pois trata-se de tentar caracterizar uma mudança sem precedentes nas relações de
comunicação social de um país onde tanto a televisão quanto o rádio desempenharam historicamente um papel fundamental de integração de fronteiras nacionais
e criação de um mercado interno consumidor. De outro lado, parece difícil negar
que há um novo regime de interação comunicacional que não parte de um centro
emissor para uma massa passiva de receptores, o que torna os fluxos de dados
mais horizontais e alimenta a chegada de uma era que alguns entendem como
“pós-midiática”. Mas afinal, que transformação social o digital está de fato causando, e que potencialidades ainda permanecem inexploradas, ou evitadas, em um
contexto onde se combinam novas e velhas formas de controle sobre os meios de
comunicação?"