Istmo - Arquivo flexivel

Enviado por claranja, dom, 2011-09-18 10:31


São Paulo

O projeto istmo - arquivo flexível parte de um interesse em um modelo de instituição de arte contemporânea que possa funcionar como plataforma para produção, apresentação, circulação e discussão sobre arte. Possíveis relações entre o funcionamento de um museu e de uma biblioteca foram tomadas como eixo conceitual, com a idéia de criar uma estrutura de pequeno porte, em que trabalhos e propostas artísticas possam ser realizados, mostrados e arquivados.

É parte da estrutura do istmo a sua existência em diferentes bases: o arquivo físico e sala de leitura; o website que está sendo desenvolvido em parceria com o Fórum Permanente; a programação de palestras, sessões com artistas, projeções de vídeos e outras atividades que promovam um contato sistemático entre os artistas e com o público; publicações periódicas e pontuais intercambiadas com outras instituições e espaços independentes.

Conceituação

A concepção e o funcionamento do istmo partiram de três diretrizes conceituais principais:

Mostrar/ apresentar
O projeto procura experimentar novas formas de mostrar/mediar arte, partindo do funcionamento de algumas práticas artísticas atuais. Ele foi concebido e proposto inicialmente pela curadora Ana Paula Cohen, baseado, principalmente, na obra de artistas que desenvolvem sua própria estrutura para, dentro dela, criar redes de relações entre seus trabalhos e outros elementos ou idéias.

Dois projetos foram tomados como referência para a criação de istmo: "museuMuseu" (desde 2000), de Mabe Bethônico (Belo Horizonte, Brasil, 1966) e "archivo estocástico" (2002), de Erick Beltrán (México, 1974), Mariana Castillo (México, 1975) e Sebastián Rodriguez Romo (México, 1973). Istmo - arquivo flexível busca um funcionamento semelhante a tais projetos, criando uma estrutura dentro da qual alguns artistas e pensadores possam atuar.

Muitas obras desenvolvidas atualmente requerem tempo e forma específicos para serem apreendidos, como, por exemplo, trabalhos interdisciplinares relacionados à pesquisa e a leitura, vídeos, textos, livros de artista, ou mesmo obras em pequena escala – como desenhos ou fotografias – que necessitam de uma proximidade/intimidade do público.

Nesse sentido, uma das atividades do istmo é desenvolver mobiliário para mostrar e guardar as diferentes obras, funcionando de acordo com a lógica de cada trabalho. Até o momento, foram desenhadas e construídas caixas-fichário que constituem um arquivo geral, e dois móveis que acomodam o projeto “o Colecionador” de Mabe Bethônico, e a coleção de publicações que funcionam como obras em si.
 
O arquivo se apresenta, portanto, como uma possibilidade de propor novos tempos para o contato com obras de arte, de acordo com as especificidades de cada trabalho, além de estar aberto para que os artistas possam desenvolver projetos a curto, médio e longo prazo.

Produzir e sistematizar
Outro interesse do istmo é a possibilidade de produzir e arquivar elementos constituintes do trabalho de alguns artistas, principalmente daqueles que têm como parte essencial de sua obra a construção de mecanismos de agregação de elementos para a criação de um discurso. Geralmente, são obras estruturadas pela construção de sistemas, a partir de elementos básicos como tipografias, simbologias, coleções de imagens, de documentos, percursos, sequências sonoras, diagramas etc.

Tudo o que é produzido e realizado no istmo passa a ser acumulado, desde as proposições dos artistas, até textos editados e colecionados ou documentos relativos ao próprio funcionamento do arquivo. Assim, ele se expande gradualmente, criando novas conexões entre os elementos aqui produzidos e classificados: programações periódicas, obras específicas dos artistas envolvidos, arquivo de sons, coleção de publicações etc.

Interação e circulação
O projeto istmo se propõe como campo de exercícios constante para os artistas, para os pensadores e para o público.

3.1. Interação

Dos artistas com o arquivo:
Possibilidade de construções acumulativas de idéias e obras sem restrições temporais.

Do arquivo com o público:
O arquivo como sala de leitura e pesquisa (contato imediato); A possibilidade de convivência do público com o arquivo e com os trabalhos lá propostos (contato gradual);  Programação de palestras e sessões mensais com artistas, publicações periódicas, projeções de vídeos, entre outras atividades (contato sistemático).

Do arquivo com outras iniciativas semelhantes:
A produção de publicações, em série e pontuais, é parte do programa do projeto, assim como a coleção de publicações que funcionem como obras em si, produzidas em outros lugares. O istmo funciona também como ponto de distribuição e base de consulta de periódicos sobre arte e crítica publicados no Brasil e no exterior. A idéia é solicitar a diferentes editores/artistas/espaços de arte publicações, e, em troca, enviar-lhes posteriormente os impressos realizados pelo istmo.

Parcerias com tais iniciativas (espaços independentes/organizações/grupos de artistas etc.) têm se dado de diferentes formas, como com o intercâmbio de material impresso acima mencionado, residência de artistas, projetos em colaboração, simpósios etc.

3.2. Circulação:

- Distribuição de impressos produzidos no arquivo a todos os que contribuam para a formação da coleção de publicações acima mencionadas.

- Web site – o sitio do istmo na internet está sendo desenvolvido em parceria com o Forum Permanente (http://forumpermanente.incubadora.fapesp.br/portal)  e funcionará como um outra base de acúmulo. O site conterá, além dos textos e outros documentos produzidos para e pelo projeto, propostas artísticas que funcionem como trabalhos em si nesse meio. Aos poucos, acumulará a estrutura geral do arquivo e suas classificações, assim como alguns de seus fragmentos.

- Residências: para artistas ou outros colaboradores que venham a São Paulo desenvolver trabalhos ligados ao istmo. abril e novembro/dezembro de 2005: Erick Beltrán (Cidade do México), março/abril 2006: Javier Penãfiel (Barcelona), abril/maio 2006: Michael Beutler (Berlim), agosto/setembro 2006: Dennis Mcnulty (Dublin).

Configuração do projeto

O projeto consiste em um arquivo com mobiliário concebido a partir das diretrizes descritas – tendo como princípio a criação de um ambiente confortável e flexível, que possa acomodar diferentes atividades, como leitura, pesquisa e discussões. Os móveis iniciais foram desenvolvidos em colaboração com os designers e artistas Leonardo Padilha  e Nicolás Robbio. Foi produzido mobiliário específico para mostrar e guardar as diferentes obras dos artistas, funcionando de acordo com a lógica de cada trabalho, além das caixas-fichário que constituem o arquivo geral.
 
O arquivo geral é formado do acúmulo de documentos, textos, imagens etc., catalogados em fichários A4 horizontal e vertical, arquivados em módulos que funcionam como caixa-fichários (quando presas à parede), e mesas de pesquisa (ao serem retiradas da parede, o fundo de cada caixa torna-se o pé de mesas individuais de leitura – e cada uma pode ser encaixada às outras lateralmente, em diversas combinações).VER FOTOS mobiliário, de 1 a 12.




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