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Domingo, 26 de Março de 2006 5:30
TERRITÓRIO SÃO PAULO
*Artes Plásticas*
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*SALA ESPECIAL DA BIENAL DE HAVANA ACONTECE NA OCUPAÇÃO PRESTES MAIA*
Uma experiência em São Paulo / uma sala em Havana: o registro de um acontecimento
*Território São Paulo *se apresenta como um evento que acontece entre São Paulo e Havana, um conceito ampliado do espaço expositivo da Bienal.
Convidados para se apresentar em sala especial da IX Bienal de Havana, 13 coletivos de São Paulo criaram o *Território São Paulo* – um projeto em resposta ao desafio de transpor as ações que normalmente realizam para dentro do espaço expositivo da Bienal. Tentando evitar que a colocação de ações tipicamente de rua dentro do espaço da bienal diminuísse a urgência e especificidade das ações e intervenções, o projeto *Território São Paulo*quis fixar firmemente a Sala Especial nesta cidade, de modo que ela estivesse plenamente presente em Havana. Assim, o universo de ações desenvolvidas pelos artistas organizados em coletivos – que incluem uma diversidade de intervenções urbanas, ações diretas, manifestações e apropriações poéticas do espaço da rua – poderá florescer em pleno vigor.
A ocupação Prestes Maia – a maior ocupação vertical da América Latina - foi escolhida como espaço expositivo por sua potência política e simbólica. Ocupado pelo Movimento dos Sem- Teto do Centro (MSTC) e na iminência de reintegração de posse, o Prestes Maia tem sido palco de uma importante parceria entre artistas e movimento social nos últimos três anos.
A Bienal de Havana funcionará como uma espécie de lente de aumento sobre este importante movimento social e seu diálogo com os coletivos. Na sala especial em Havana, um aparelho de fax em cima de uma mesa receberá, durante todo o período da mostra de arte, material dos 13 coletivos brasileiros. Assim, o *Território São Paulo* acontece também como situação viva em Havana, dando continuidade à participação brasileira nesta e em todas as bienais da capital cubana, para onde o Brasil tem levado a maior delegação nacional da mostra.
*Território São Paulo* como que espelha as próprias condições de sua realização: ao mesmo tempo em que explicita a impossibilidade de transpor para Bienal de Havana ações específicas à cidade de São Paulo, a Sala Especial na Ocupação Prestes Maia responde à falta de recursos adequados, não oferecidos pelos governos brasileiro e cubano ou pela iniciativa privada.
OS 13 coletivos criadores da sala especial *Território São Paulo* estenderam aos outros artistas brasileiros convidados pela IX Bienal de Havana o convite para participarem da exposição no Prestes Maia.
O *Território São Paulo* na Ocupação Prestes Maia inaugura a Galeria Vitrine, parte do Projeto "Escola Popular Prestes Maia"[1].
Av. Prestes Maia, 911
Dia 27 de março, 19 horas.
Aberturas simultâneas da IX Bienal de Havana e *Território São Paulo *
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Grupos participantes:
*01 > A Revolução Não Será Televisionada:* André Montenegro, Daniel Lima e
Fernando Coster.
A revolução não será televisionada
Você não poderá ficar em casa, irmão. Você não poderá sentar na poltrona.
Você não poderá se perder na troca de canais durante o jogo futebol,
porque a revolução não será televisionada
A revolução não será televisionada
A revolução não será televisionada em câmera lenta, com narração de Galvão
Bueno.
Não haverá imagens repetidas do carro batendo contra o muro.
Não haverá imagens de trombadinhas batendo carteira em plena luz do dia.
Padre Marcelo não fará a oração para um mundo mais católico.
Roberto Marinho, Roberto Civita, Silvio Santos e Bispo Edir Macedo
não decidirão o que todos vão ver e ouvir.
Empregados, escravos e malandros não serão a cara da minha nação,
pois os negros estarão nas ruas por um dia melhor.
A revolução não será televisionada.
A revolução não virá a seguir, depois dos comerciais de pasta de dente
refrescante,
cerveja gelada e absorvente extrafino
Você não terá que se preocupar com a sujeira na cozinha, os juros mais
baixos ou com a pele mais suave.
A revolução não será melhor com Coca Cola.A revolução não será o melhor
carro popular.
A revolução colocará você na direção. A revolução não terá reprise; A
revolução será ao vivo.
Adaptação livre da canção de Gil Scott Heron.
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*02 > Bijari : *Eduardo Loureiro, Flavio Araújo, Fred Ming, Geandre Tomazoni, Giuliano Scandiuzzi, Gustavo Godoy, Mauricio Brandão, Olavo Yang, Rodrigo Araújo e Sandro Akel.
Formado em 1996, por arquitetos e artistas, o Bijari é um centro de criação de artes visuais, multimídia e arquitetura. Desenvolvendo projetos em diversos suportes e tecnologias, o grupo atua entre os meios analógicos e digitais propondo experimentações artísticas, sobretudo de caráter crítico.
Intervenções urbanas, performances, video, design e web design tornam-se meios para estabelecer possibilidades de vivências nas quais a realidade é questionada.
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*03 > Catadores de Histórias: *Fabiane Borges, Rafael Adaime**
Catadores de histórias é um grupo de psicólogos e artistas que desenvolve ações culturais em diversos locais. Produziu eventos junto a Movimentos sem terra, sem teto, moradores de rua, movimento negro, juventude, favelas, redes de profissionais do sexo, portadores de HIV (Aids), etc. Atua com a idéia de rupturas de cotidianidade e alterações de estados perceptivos a partir de técnicas da psicologia, performance, tecnologias sonoras e ambientais.
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*04 > Cia Cachorra : *Fabiana Prado, Melina Anthis e Paula Pretta.
Núcleo artístico de criação coletiva, que mescla elementos das artes cênicas, artes plásticas, performance e audiovisual. Ações poéticas realizadas no cenário urbano, com foco nas relações interpessoais, revelam situações potenciais de interferência no cotidiano, suscitando diálogos, reflexões e leituras simbólicas sobre questões de ordem pública.
Formado em 1998, atuam em um processo de trabalho dinâmico, autônomo e não hierárquico, desenvolvendo novos meios de produção em diversos contextos, inclusive junto a outros grupos como ElA, Bijari e A Revolução não será
Televisionada, entre outros.
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*05 > C.O.B.A.I.A. : *Almir Almas, Cláudio Santos, Daniel Seda, Lucas Bambozzi, Rachel Rosalen, Rogério Borovik, Rodrigo Minelli e Sofia
Panzarini.
O Grupo C.O.B.A.I.A. nasceu a partir da junção de integrantes de outros coletivos em atividade. Refletindo a instabilidade típica das associações que movem muitos dos projetos colaborativos, o C.o.b.a.i.a. é resultado de afinidades específicas e temporárias. O grupo surge em torno da necessidade de experiências de imersão nas diversas realidades que constituem a vida urbana, extraindo desse universo um pensamento norteador de intervenções, apresentações audiovisuais ao vivo e ações no universo das mídias.
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*06 > Contra Filé : *Cibele Lucena, Jerusa Messina, Joana Zatz e Peetssa.
Formado em São Paulo, Brasil, no ano 2000, por uma geógrafa, uma antropóloga, um fotógrafo e uma artista plástica, o Contra filé é um grupo de investigação e produção de arte. Atua a partir de sua experiência cotidiana concebendo arte como ato político para a realização da vida pública.
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*07 > Coringa : *Anderson Rei, Chico Linares, Daniel Manzione, Fabrício
Lopez, Flávio Capi, Guilherme Werner, Matheus Giavarotti, Rogério Nagaoka.**
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O Espaço Coringa é um grupo de artistas que atua em diversas frentes de trabalho relacionadas à arte contemporânea, produzindo trabalhos de arte, promovendo atividades educativas e realizando exposições, mostras de vídeo, publicações e debates. Desde 1998 o grupo cria e reflete sobre arte em colaboração, reunindo esforços para realizações coletivas e individuais.**
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*08 > Elefante : *Chico Linares, Daniel Manzione, Flavia Vivacqua, José
Roberto Shwafaty**
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O grupo Elefante atua desde 2004 elaborando intervenções urbanas que busquem uma reflexão sobre a sociedade atual e seus possíveis rumos. Utilizando-se de meios de comunicação de massas e suas estratégias, o grupo busca trazer à tona um questionamento sobre a mídia e uma inserção crítica nesse meio.
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* * *09 > Esqueleto Coletivo: *Eduardo Verderame, Luciana Costa, Mariana Cavalcante, David Santos, Rodrigo Barbosa * *
O Esqueleto Coletivo é um grupo de artistas que busca ampliar o diálogo da arte nos espaços da vida cotidiana, trabalhando em parceria com outros artistas, grupos e movimentos. Vem desenvolvendo a produção de eventos de arte, como intervenções no espaço público, onde se utiliza de diversos meios, como a performance, a dança, música, vídeo e a produção gráfica.
Propõe reflexões sobre questões da contemporaneidade tais como, movimentos sociais, violência, exclusão e contraste social, visualidade urbana e outras implicações da vida pública e privada. **
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*10 > frente 3 de Fevereiro :* Achiles Luciano, André Montenegro, Cibele
Lucena, Daniel Lima, Eugênio Lima, Felipe Teixeira, Felipe Brait, Fernando
Coster, Fernando Sato, Julio Dojcsar, Maia Gongora, Maurinete Lima, Maysa
Lepique, Nô Cavalcanti, Pedro Guimarães, Roberta Estrela D'alva e Sônia
Montenegro.
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A Frente 3 de Fevereiro é um grupo transdiciplinar de pesquisa e ação direta acerca do racismo na sociedade brasileira. Sua abordagem cria novas leituras
e coloca em contexto dados que chegam à população de maneira fragmentada
através dos meios de comunicação. As ações diretas criam novas formas de manifestação acerca de questões raciais.
Para pensar e agir em uma realidade em constante transformação, permeada por transformações culturais de diversas escalas e sentidos, se fazem necessárias novas estratégias. A Frente 3 de Fevereiro associa o legado artístico de gerações que pensaram maneiras de interagir com o espaço urbano à histórica luta e resistência da cultura afro brasileira.
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*11 > Nova Pasta Ação Havana*: Túlio Tavares, Antonio Brasiliano, Paulo Zeminian, Lucas HQ, Augusto Citrangulo, Mauro de Souza, Mitsue Najima, Biba
Rigo, Caio Fazolin, Milena Durante.
Nova Pasta é um centro de produção, debate, documentação e exposições de
arte contemporânea. Movimento aglutinador de artistas e coletivos. A Nova
pasta é coordenada pelo artista Túlio Tavares.
Projeto que nasce da reunião de artistas plásticos determinados a construir
um canal de veiculação de novas idéias e trabalhos. Distante do conceito de
galeria, o projeto Nova Pasta aponta para um caminho de cooperação, contando
com a vontade e necessidade de circulação da produção. Como estratégia
fundamental tem a escolha pela troca intelectual. Exposições nacionais e
internacionais são gerenciadas a partir de São Paulo.
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*12 > TRancaRUa: *Mariana Cavalcante, Melina Anthis, Chico Linares, Lucas
D., Flavia Sammarone, Gavin Adams, Isaumir Nascimento e Yili Rojas.
Este coletivo é formado por sete artistas atuantes em várias áreas que se encontram juntos no campo da performance de ativismo. Suas ações envolvem
encenação de rituais, intromissões em espaços administrativos, embate simbólico com autoridades e atuação junto a movimentos sociais.
O termo Tranca-rua provém de uma deidade do candomblé que vigia as encruzilhadas e sua figura é lembrada pala força e poder sobre as almas, mas
Tranca-rua também traz uma idéia de passagem impedida, de desvio obrigado pois algo atrapalha um caminhar "normal" e linear, "a rua está trancada, ninguém
passa", assim as performances e ações do grupo criam situações em espaços
públicos onde o transeunte se sente impelido, ora a se desviar, ora a se juntar e acrescentar força à ação proposta.
Formado dentro da experiência do Integração Sem Posse – organização de coletivos de arte e artistas mobilizados em torno das questões de movimentos
sociais do centro de São Paulo – o TRancaRUa coloca em dialogo áreas como o
teatro, a cenografia, a fotografia, a gravura, o design e a literatura, o que significa uma soma de elementos e dados de várias vertentes para cada ação realizada.
O objetivo das ações do TRancaRUa é o de trazer para o plano simbólico a
teia de relações sociais e de situações de contradição de uma das maiores
cidades do mundo como é São Paulo. A revitalização* do seu centro é objeto
de permanente paródia e crítica nas atuais ações do coletivo.
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*13 > EIA: *Floriana Breyer, Milena Durante, Gisella Hiche, Felipe Brait,
Rodrigo Vitullo, Marina Ronco, Eduardo Verderame, Sergio Machado e Hélio
Ribeirão.
O EIA, Experiência Imersiva Ambiental, é um grupo que trabalha mapeando,
reunindo, promovendo, viabilizando e propondo ações que têm como denominador comum o espaço da rua. Desde 2004 organiza um encontro anual de abrangência nacional recebendo propostas de arte pública enviadas por artistas de diversas localidades do Brasil, como Rondônia, Espírito Santo, Pernambuco, Ceará, Bahia, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília. Em 2004 foram 47 projetos, em 2005 foram 73 projetos sobre as ruas, viadutos e praças de São Paulo . A idéia é reunir os artistas em um intenso intercâmbio cultural. A sociabilização dos espaços públicos é uma das funções essenciais do nosso programa, sair à rua e reconhecer o espaço, seus atores, suas demandas, seu potencial. A partir daí, encontrar formas críticas e estéticas de interagir com a realidade que nos circunda, fazendo da metrópole um espaço de verdadeiro convívio e transformação. O EIA, vem acompanhando o processo da ocupação Prestes Maia desde o ínício, executando trabalhos, divulgando as iniciativas e propondo ações que contribuam para a ampliação dos colaboradores.
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[1] A Escola Popular Prestes Maia é uma iniciativa de um grupo ampliado de
atores junto ao Movimento Sem-Teto – da qual participam militantes de
movimentos sociais, mídia independente, defensores dos direitos humanos,
Organizações da Sociedade Civil, artistas, arquitetos, urbanistas,
advogados, músicos, psicólogos, cineastas, jornalistas, acadêmicos e
interessados em geral - que diante da necessidade de se organizar frente às
questões da ocupação Prestes Maia e da 'Revitalização do centro de São
Paulo', formou uma rede virtual de colaboradores chamada *Integração Sem
Posse.*