O artista como pesquisador

Enviado por aarquivista, sex, 2018-03-02 00:45


Rio de Janeiro

 

{da introdução do texto}

 

Gostaria de contribuir aqui com algumas questões relacionadas à atuação do artista na universidade, dentro do quadro mais amplo da pesquisa em artes1. Trabalho regularmente em uma unidade Universitária e portanto sou diretamente atravessado pelo problema. Mas, de modo mais amplo, este debate se faz pertinente também porque, neste momento, em diversas universidades estaduais e federais do país (pode-se pensar também no planeta em geral...) encontraremos ali trabalhando artistas voltados à prática da arte contemporânea – desenvolvendo pesquisas, ministrando aulas, orientando alunos, organizando eventos e mesmo ocupando cargos administrativos. Isto pode indicar um momento particularmente favorável para a área de artes na universidade, uma vez que um número expressivo de artistas atuantes junto ao circuito de arte pode trazer, para dentro da academia, um fôlego de trabalho urdido em outras instâncias da interface arte/sociedade. 

Ora, temos desde logo uma primeira distinção: o espaço de artes, dentro do aparelho institucional universitário, manifesta-se a partir de uma mediação diversa daquela a que estamos acostumados dentro do circuito de arte habitual: trata-se do aparelho acadêmico afirmando sua presença, impondo-se como interface concreta – à qual devemos especialmente atentar – ao conjunto de caminhos a partir das quais se apreendem as questões artísticas. Logo, é preciso pensar onde residem – e quais seriam – suas especificidades. Atenção: não há aqui qualquer hierarquização apressada: trata-se de apostar na presença da arte a partir da universidade como um caminho de ação possível – e potente – para os artistas contemporâneos, e então reforçar as possibilidades de intervenção que se abrem. Se a universidade é parte de um circuito mais amplo, pertencente ao sistema de arte, não se pode perder de vista a dobra própria que constitui e deflagra neste circuito: aí temos que estar atentos, se queremos que as ações no campo da produção artística, crítica, teórica e histórica geradas na universidade produzam algum efeito de intervenção no quadro geral dos saberes, na dinâmica ampla arte-sociedade ou na área específica em que estão inseridos.  (...)

 

 


2006



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